segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

MÉDOC - APPELLATION D'ORIGINE PROTÉGÉE



O Médoc é toda a faixa de terra ao norte de Bordeaux entre o Atlântico e o grande estuário da Gironda, a união dos rios Garonne e Dordogne. Todos os seus vinhedos residem a poucos quilômetros a leste da margem do estuário, em uma série de montes baixos, planaltos, de solos mais ou menos pedregoso, separado por riachos conhecidos como “jalles”, cujo leito é cheio de aluvião, que são depósitos de sedimentos clásticos (areia, cascalho e/ou lama) formados por um sistema fluvial no leito e nas margens da drenagem, incluindo as planícies de inundação e as áreas deltaicas, com material mais fino extravasado dos canais nas cheias. No século XVII, engenheiros holandeses cortaram esses “jalles” para drenar os novos vinhedos. Seu papel é vital na manutenção do lençol freático sob as terras do interior.

A proporção de pedras (cascalhos grandes ou pequenos seixos) no solo é mais alta na região de Graves, ao sul de Bordeaux, e gradualmente diminui conforme o rio Garonne avança pelo Médoc. Mas tais depósitos são sempre desiguais, e o solo e o subsolo têm proporções variadas de areia, cascalho e argila. O limite setentrional do Haut-Médoc é onde o conteúdo de argila realmente começa a dominar o cascalho, ao norte de Saint-Estèphe.

O plantio dos “croupes”, os planaltos de cascalho, aconteceu em um século de grande prosperidade para Bordeaux sob seu “parlement”, cujos membros nobres são lembrados em muitas das propriedades que eles cultivaram entre 1650 e 1750. O Médoc era o vale do Napa da época, e os Pichon, Rauzan, Ségur e Léoville eram os Krug, Martini de la Tour, e Beringer de peruca.

O estilo e a importância do vinho desses grandes não tiveram paralelos em nenhuma outra parte. De alguma forma maravilhosa, a pobreza do solo, o vigor das vinhas, a brandura do ar e até mesmo a luz perolada beira-mar pareciam estar envolvidos. É claro, é coincidência (além de um terrível trocadilho) que a palavra “claridade” seja tão próxima de “clarete”, mas parece se adequar à cor, ao cheiro, à textura, ao corpo e ao sabor do Médoc.

Os séculos só confirmaram o que os primeiros investidores aparentemente sabiam por instinto: que os bancos de cascalho à margem do rio produzem os melhores vinhos. Os nomes que surgiram primeiro sempre estiveram à frente. A noção de “premiers crus” é tão antiga quanto as próprias terras.


Hoje, o Médoc é dividido em oito denominações de origem: cinco delas limitada a uma única comuna (Saint-Estèphe, Pauillac, Moulis, Listrac e Saint-Julien); uma (Margaux) a um grupo de cinco pequenas comunas; outra (Haut-Médoc) à combinação de partes de igual mérito fora das seis primeiras; e a última, Médoc, para a extremidade norte do promontório.

DENOMINAÇÃO DE ORIGEM MÉDOC


O Baixo Médoc (localizado mais ao norte, seguindo o Gironda) era antes chamado de Bass-Médoc, o que deixava claro que era esta área, e não toda a península, que estava em discussão. Os solos, e portanto os vinhos, são considerados inferiores aqui. O último dos cascalhos de grande calibre foi depositado por geleiras entre Graves e Saint-Estèphe.

Embora o solo continue a se elevar gentilmente, as corcovas se tornam mais espaçadas e o solo muito mais pesado, com uma grande proporção de argila pálida e fria, mais adequada ao Merlot que ao Cabernet (embora persistam faixas de solo mais arenoso).

Notadamente, o vinho tem menos delicadeza e perfume, mas bom corpo e estrutura com alguns dos “cortes” tânicos que tornam todos os vinhos do Médoc tão bons à mesa. As boas safras duram bem nas garrafas, sem desenvolver as complexidades adocicadas do Alto Médoc em sua melhor forma.


A última década viu um grande ressurgimento de interesse por esta área produtiva. Algumas grandes propriedades já se prepararam e hoje oferecem um bom negócio, embora não uma completa barganha. Em 1972, havia 1.836 hectares em produção na denominação Médoc. Em 2006, esse número havia subido para 5.580 hectares.

A comuna mais importante é Bégadan, com várias propriedades mais proeminentes. Cerca de um terço da produção de toda a denominação vem dessa única área. Em seguida, em ordem de produção, estão Saint-Yzans, Prignac, Ordonnac, Blaignan, Saint-Christoly e Saint-Germain.

CHATEAU LA HOURCADE


O Italiano Septímio Cecchini, chegou no Médoc na década de 40, tornando-se proprietário de uma propriedade com 40 acres em Jau-Dignac-et-Loirac. No início, foi o plantador, o enólogo e ainda carteiro, pois precisava sustentar uma família de oito filhos.


Dos 40 acres iniciais a propriedade prosperou, chegando aos 4 hectares atuais. No final da década de 80, um dos filhos do Senhor Septímio, Gino, assumiu a propriedade e decidiu desenvolver a comercialização dos seus próprios vinhos, pois até este momento toda a produção era vendida para a Cooperativa.


Gino vem ampliando a propriedade continuamente, investindo em suas duas paixões, vinhos e cavalos!

65% dos seus vinhedos são formados por Cabernet Sauvignon e 35% Merlot. O solo da propriedade é formado por cascalhos e argila do rio Garonne. Suas vinhas possuem idade entre 20 e 25 anos. A colheita é mecânica e as uvas são classificadas manualmente.


Degustei o Château La Hourcade 2012. Um blend de Cabernet Sauvignon e Merlot, de cor vermelha profunda e reflexos violáceos. Um vinho jovem de cor rubi com reflexos violáceos. Calmamente, coloquei para arear durante uma hora. Seus aromas lembram frutas negras, como amoras negras, especiarias picantes e muita mineralidade. Notas de chocolate amargo podem ser observadas de forma ligeira. Na boca, toda a mineralidade vem à tona, com muita especiarias, menta e pimentas. A acidez está magnifica, taninos macios, uma boa maturação da fruta e um corpo médio. Harmonizei com uma alcatra cozida com batatas e ficou perfeito!


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